O vulcão adormecido

Há algumas semanas atrás fui a um jantar de Natal com colegas e ex-colegas da empresa em que “trabalho”. Quase nunca há tempo para conversarmos ou falarmos sobre coisas pessoais. Esta é uma característica particular e interessante nos portugueses, eles sabem se resguardar. Diferente dos brasileiros que confiam à primeira vista e chamam de amigo alguém que acabou de conhecer, apenas por ter uma ou duas similaridades na vida. Mas não é esta a questão deste post.

Uma destas colegas começou a falar sobre a sua carreira. Recém-formada em jornalismo, trabalhava numa revista muito específica e amava, até ver a equipe mudar e decidir também trocar de emprego. Foi parar ao meio corporativo, aonde se faz se tudo, menos criar e escrever. Este relato trouxe em cheio à memória quando passei por isto.

Iniciei a minha carreira como jornalista estagiária de um jornal impresso. Decidi ser jornalista cedo, primeiro porque amava escrever e segundo porque, como o meu pai trabalhava no Jornal do Brasil, eu cresci vendo a redação e os repórteres, que pareciam tão importantes e felizes. Entretanto, quando já estava na faculdade, me deparei com algo novo que foi: o setor digital. O jornalismo digital me atraiu demais e decidi, naquele momento, que era com ele que eu queria trabalhar. 

Anos mais tarde, iniciei um estágio numa agência de Mídias Sociais, quando estas ainda eram um mundo desconhecido a ser trilhado. Havia produção de conteúdo e digital, logo, me apaixonei de cara pela profissão. Decidi fazer uma pós-graduação em Marketing Digital, o que acabou por abrir um mar de oportunidades para eu aprender, me encantar e especializar no que eu, de fato, viria a amar e praticar como profissão. 


Lembrei-me da época em que me fazia falta escrever. Escrever era a minha rotina e paixão. Me dava a sensação de dever cumprido e de que realmente criei algo com as minhas próprias mãos.



Com o passar do ano, descobri novas áreas, me encantei com o Marketing Digital com o um todo. Aprendi a amar as métricas, análises, inteligência de mercado e finalmente, a criação das estratégias de marketing. Passei a ver como resultado, de um texto, a dinheiro grande a entrar na faturação das empresas. Ver as marcas que trabalhei tornarem-se conhecidas nacionalmente, no Brasil e em Portugal, e depois na Europa. Um resultado que vai mover a economia, que vai gerar empregos e alimentar família. Ver um resultado grande partir de ti, sem nenhuma modéstia, supera as expectativas da criação e de ler um texto bonito dezenas de vezes.

A vida segue, mas, vez ou outra, me pego rabiscando numa folha de caderno, num blog oculto e anônimo, no Twitter ou neste blog. Como se um vulcão adormecido estivesse dentro de mim e às vezes, precisasse explodir. 


Sigo a minha vida, fazendo o que amo, e voltarei por aqui. Não sei quando, mas sei que é para sempre. 


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