Carta à minha avó

Oi, Vó. 

É difícil perguntar isso para uma pessoa morta, mas como você está? Em outubro deste ano completaram-se 20 anos desde a sua morte. Eu vivi 14 maravilhosos anos com você. Às vezes ainda lembro do seu cheiro, de quando eu me agarrava a você quando estava frio. 

Às vezes sonho que você está viva. Durante anos sonhei que você estava vivendo longe e não lembrava de ninguém. Eu queria acreditar que, numa história cinematográfica, eu iria te reencontrar mais uma vez. Que você lembraria de mim e voltaria a fazer parte da minha vida.

Eu lembro das nossas conversas, tantas vezes eu desabafava com você. Você me amava demais, mas era uma pessoa tão triste. Meu coração se aperta quando eu lembro da sua história, de como foi difícil a sua vida, e de quando você me disse que eu era a melhor coisa que tinha acontecido na sua vida. Naquela época eu não tinha noção da força dessas palavras.

Você tinha medo que eu não fosse feliz, que você não estivesse por perto para garantir que eu fosse feliz. Sabe, vó, eu queria muito te contar sobre quão feliz eu sou. Eu sou a versão mais feliz que eu poderia ser. Eu fiz tanta coisa que, naquela realidade em que convivíamos, era quase impossível de imaginar. 

Quando eu olho a minha mãe com a Gaby, lembro de nós duas. Mas eu passava mais tempo com você, eu dormia agarrada com você e só comia a sua comida. Deus já sabia que nós não teríamos muito tempo juntas, por isso, permitiu que a nossa relação fosse muito intensa. 

Eu passei a maior parte da minha vida sem você, mas meu Deus, como eu sinto a sua falta até hoje. Muito obrigada por me dar a melhor lembrança de infância que eu poderia ter. Eu sempre vou te amar e nunca vou te esquecer. Espero que ainda demore um pouco para te ver novamente, mas a espera vai compensar. 

Um grande beijo da sua neta, Carol. 

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