A Dani se foi

2020 foi um ano ímpar na minha existência, e acredito que na de muitos outros. Eu nunca vivi tantos lutos, nunca chorei tanto pela morte de pessoas da minha família, amigos queridos ou conhecidos, que mesmo sem muito contato, eram pessoas maravilhosas. Descobri o meu perfil de viver o luto, constatei algo que eu já sabia, o quando a vida é efêmera.

É aterrorizante imaginar a quantidade de vidas que eram importantes, faziam parte do meu dia-a-dia, e hoje, simplesmente não existem mais. Elas não existem. 

Vivo atualmente em Portugal, há pouco mais de 5 anos e contando... desde o início da Pandemia, eu não consegui chorar meus lutos completamente e me despedir das pessoas que eu amava e se foram. Caixão fechado, enterros com limite de pessoas. 

Há 15 dias atrás, perdi uma amiga e ex-colega de trabalho, a Dani. A Dani tinha 30 anos, era uma mulher numa alma de menina. Alegre, divertida, sempre maquilhada, cheirava muito bem. A Dani falava bem, escrevia como ninguém. Tinha uma personalidade forte que, muitas das vezes, batia com a de outras pessoas ou com a de qualquer pessoa em algum momento. A Dani era um elo, entre grupos, entre pessoas, interesses, assuntos. A Dani tinha um sorriso lindo. E não digo isto apenas porque nunca mais poderei vê-lo nesta terra, mas ela tinha mesmo um sorriso feliz. 

Uma das coisas que aprendi desde que vim morar fora, ou que deixei fluir em mim porque eu já tinha, é a honestidade extrema e sinceridade com qualquer pessoa, doe o quanto doer. Dizer a verdade é prioridade, mesmo que esta magoe, nos ajuda a crescer e amadurecer. 

Olho para trás e vejo quanta coisa poderia ter sido diferente, quantas ações poderiam ter sido feitas se eu pensasse e soubesse que seria o último dia. Não há muito mais o que fazer pela Dani, a não ser, lembrar dela com carinho e pesar pela vida incrível que ela viveu e o restante desta que restou para viver. E aproveitar a minha, porque nunca sei quando será a minha vez. 

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