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A mostrar mensagens de dezembro, 2020

A Síndrome da Amélie

 Recentemente diagnostiquei em mim a síndrome da Amélie Poulain. Para quem nunca viu o filme, vou deixar o resumo da Wikipédia e uma análise baseada num spoiler. Ainda dá tempo de parar de ler... Amélie é uma jovem do interior que se muda para Paris e logo começa a trabalhar em um café. Num belo dia, ela encontra uma caixinha dentro de seu apartamento e decide procurar o dono. A partir daí, sua perspectiva de vida muda radicalmente. Essa mudança de perspectiva da personagem nada mais é do que tentar, ainda que de forma indesejada e não convidada, ajudar pessoas do seu convívio com assuntos que ela julga serem importantes, corretos e convenientes. E ela consegue, na maioria das vezes. E as histórias são tocantes e em sua maioria, conseguem ter um desenvolvimento a partir da interferência da Amélie. No entanto, a vida da Amélie é um verdadeiro desastre ocioso.  Ela é covarde. Como todos nós somos. Prefere focar as energias em resolver os problemas dos outros do que enfrentar os seus próp

A Dani se foi

2020 foi um ano ímpar na minha existência, e acredito que na de muitos outros. Eu nunca vivi tantos lutos, nunca chorei tanto pela morte de pessoas da minha família, amigos queridos ou conhecidos, que mesmo sem muito contato, eram pessoas maravilhosas. Descobri o meu perfil de viver o luto, constatei algo que eu já sabia, o quando a vida é efêmera . É aterrorizante imaginar a quantidade de vidas que eram importantes, faziam parte do meu dia-a-dia, e hoje, simplesmente não existem mais. Elas não existem.  Vivo atualmente em Portugal, há pouco mais de 5 anos e contando... desde o início da Pandemia, eu não consegui chorar meus lutos completamente e me despedir das pessoas que eu amava e se foram. Caixão fechado, enterros com limite de pessoas.  Há 15 dias atrás, perdi uma amiga e ex-colega de trabalho, a Dani. A Dani tinha 30 anos, era uma mulher numa alma de menina. Alegre, divertida, sempre maquilhada, cheirava muito bem. A Dani falava bem, escrevia como ninguém. Tinha uma personalidad