Um ano sem o meu avô

É muito difícil descrever. Estar longe nos últimos anos de vida do meu foi aterrorizante e ao mesmo tempo, foi um bálsamo para que eu não sofresse tanto no meu dia-a-dia. Sinto falta da voz dele, de como ele sempre dizia que 'estava doido' pra falar comigo e saber como eu estava. O meu avô era teimoso demais, preocupado demais. Desde que eu me entendo por gente, ele sempre viveu para os outros. Ele viveu para se doar, muito mais do que para receber. Ele tinha um enorme prazer em dar tudo o que tinha, tudo de si, para fazer aqueles que ele amava feliz. 

No dia em que embarquei para Portugal, para iniciar uma nova vida, sem data certa para voltar, eu lembro de vê-lo chorar pela primeira vez na vida. A lembrança do seu choro me acompanhou durante toda a viagem e foi a grande causadora das minhas lágrimas infinitas no voo, durante o tempo em que eu não dormi. 

Eu sei que um dos maiores orgulhos da vida dele era dizer que tinha uma neta jornalista. Meu Deus, como os caixas de supermercado, entregadores e guichês dos estacionamentos o ouviam dizer isso, sem falar nos médicos, enfermeiras e cuidadoras. Era uma das melhores sensações da vida, sentir que dei orgulho ao meu avô. 

Eu queria muito que ele tivesse conhecido os meus filhos, ele amava tanto a Gabi, mas tanto. Sei que seria um bisavô muito doce e amável. Mas eu preciso ser grata à vida por ter os meus pais e os meus sogros, que são pessoas maravilhosas. Todos eles serão ótimos avós para os meus filhos. 

O meu avô me faz muita falta. Não na minha rotina, porque ele já não estava nela há alguns anos, mas no futuro inexistente. Aquele futuro que imaginamos e realizamos, e que nos damos conta de que uma das pessoas que mais amamos no mundo já não existe mais. 

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